Wednesday, December 6, 2006

Goétia, Part IV




“Deixai-me ser um de vós condenai-me à vossa eterna companhia
Confortai-me no vosso regaço pérfido e inóspito..”

Bebe de mim, e viverás para sempre...
Deixa-me beber de ti e perece, abandona a tua vida
Cai no meu ocioso amor, sê minha...
Dar-te-ei a conhecer um mundo de Ironia
Sabedoria e sangue.
Olha-me dessa forma luxuosa, diz-me que sim...
E inclina-te para trás, dá-me o teu ombro nu
Deixa-me beber, enfim....

Se assim o queres, viverás sem ver o sol
Serás eternamente faminta
E conservarás a tua eterna beleza, sempre bonita
Sempre pálida, amante da noite...
Amante das festas, e do prazer,
Do quente e puro sangue
Que hás-de sugar a todos os que amas

Serás Imortal, e viverás cada dia na escuridão
Mas vem com um preço, a desilusão
Passados as eras que eu passei
Ao ver o homem a evoluir e nós não
Sentirás necessidade de morrer
Mas em vão...
Não podes, nenhum de nós consegue
Todo o mal é pérfido, mas como eu o amei
A minha eterna morte....nunca chorarei
Pelo que me tornei.

Eu digo “ Todo o mal desperta o sádio e o perverso em nós, o sangue desperta a nossa escuridão, a vida desperta-nos a vontade de a beber gota a gota e torná-la morte, a morte essa tem medo de nós criaturas da escuridão”

Tuesday, December 5, 2006

Prazer já Morto, Parte III


Tenho um coração morto,
Que não bate por ninguém, não sabe bater por alguém
É frio, e sem remorso
Anda sozinho pela noite, passa pelo meio das pessoas
Não se importa de viver, é uma triste ideia a meu ver...

Nunca soube amar, nem deixou ninguém ver o seu ser
Nunca deixou ninguém ve-lo a escrever
Não sofre, pois não sabe sofrer, apenas morre.

Vejo o que ninguém vê,
Passeio pela noite a escrever
Passo despercebido pelas pessoas que me procuram
Não tentem, pois ficarão com medo do escuro
Ficaram com medo do que possam ler
Não se importem, não me encontram
O único sítio onde poderão encontrar-me
É num banco de uma qualquer ruína
Com os cabelos ao vento e uma pena na mão
Completamente despercebido do tempo que passa
Com as minhas asas erguidas, com estrofes minhas.

Por ser o “gótico vitoriano” que todos me apelidam
Por ser o libertino que ninguém duvida
Por ter estado onde não devia
E fazer o que na altura não compreendia
E por ter um amor perdido, a essência da minha alma
O que me faz andar imortal, entre meras vidas
As vossas, por vezes a minha
Por ter o que quero, quando nao devia
Por ser tudo tão fácil de obter...
Por realmente um dia ter provado o ócio, esse meu vício
De ter visto aquela mente, aquele corpo viver
De ter saudades de amar, e não poder
Por uma morte ter fechado o meu interior
Por não conseguir morrer
Para ir ter com o meu amor...
Por saber que ninguém me vai ser querido como ela foi...