Thursday, November 23, 2006

Requiem..., Parte II


Viola-me o coração, eu deixo e gosto...
Tira-me a alma ao passares,
E come as minhas memórias
E tudo mais que matares
Eu agradeço, faz-me este favor
Deixa-me sofrer, deixa-me agradecer....

Engana-me, mente-me eu adoro,
Faz-me sentir o sangue escorrer,
E lambe-o, bebe-o
Mas deixa-o o correr
Sacia-te mais, mas não deixes-o apodrecer
Deixa-o vermelho e quente
Mas a morrer...
Bebe mais....Bebe até eu desfalecer...

Agora tira-me as roupas,
E beija-me....
Corta o teu braço, e deixa-me em fantasias,
Deixa o nosso sangue correr junto
É a nossa alma que fica agradecida
Com esta alegria... de sermos o que somos

Viola-me uma e outra vez,
Estou a gostar, menina
Tira-me para fora do meu ser
Não te preocupes com o parecer
Que as outras pessoas te dão
Importa-me apenas o sangue correr
Em vão... e tu olhares-me na escuridão

Acarecia-me com os teus cabelos
e deixa-me olhar te nessa tua escuridão
Usa-me, abusa eu aprecio...
Torna o teu desejo, fantasia...

Depravada, arrogante, má
Mas comigo mudas, de personalidade
Gostas de me fazer gemer, de prazer...
Tão irónico, e mesmo assim sadístico
Perdes-te em sonhos pervessos
E sonhas comigo
Enquanto bebes, sempre aquele líquido

Confunde-me, explica-me
O que é realidade, é ilusão?

Será que devo acreditar em ti?
Faz-me perder no luxo
Diz-me que sim
Quero ir contigo... para a noite
Sozinhos, sempre os anti-sociais
E afastados deste mundo,
Mas agora cala-te e bebe....
E magoa-me....

Magoa-me, eu peço-te, porque é assim que gosto
Deixa-me cair no chão
Para depois dormires em cima de mim...
Pões-me quente...

Corta-me, e deixa-me cortar-te
Tu gostas...e eu sinto-me feliz
É impossivel não amar-te
Quando me fazes isto...

Faz-me o coração doer
É tão bom, ve-lo bater
Sem razão...
Agora tira as roupas
E vem ter comigo
Deixa-me ver a tua cor pálida
E descansa comigo
Amanha... voltas a ser quem não queres ser
Porque em segredo gostas da maneira
Que te dás comigo....
Senhores, dou -me pelo nome de Nathanael, boémio, ócioso acima de tudo Poeta Morto...

A Vida é para os Vivos, Part I


Minha amiga, que olhas para mim no escuro...
E devaneias ao olhar para mim ao ver-me neste tumulto
Sem saber o que é amar...
Sem saber o que pensar

Tu que só apareces quando eu alucino
Talvez pelas feridas, talvez por estar faminto
Não sei quem és, amiga, serás eu ?
Serás produto de um qualquer mundo meu...
Uma realidade estranha onde quem manda nao sei se sou eu?
Se tu , se o meu sangue , se outra personagem mais escura
Que sofre, com tanta armagura...

Pois neste meu estado narcótico
Onde o meu desejo é negado
Continuo estranhamente, balançante como psicótico
Onde escrevo sem cansaço, perversamente inspirado
No teatro absurdo da minha mente, sentindo-me culpado
Por ser mortal, e nada fazer apenas escrever.

Pois escrevo, por entre velas
No escuro do meu quarto
Com tantas pessoas á minha volta, sobretudo elas
E mesmo assim sem ninguém , que me olhe , apenas aquelas
Que me olham pervessamente, por entre as minhas telas
Abertas e inacabadas, á espera de uma poeta (nao pintora)
Que as pinte com rimas e aguarelas

(Serei eu um poeta morto?
Será a vida só para os vivos?)

A saborear um belo porto
Ao pé de uma lareira, num quarto escuro,
Entre velas, entre cetim vermelho-escuro
E veludo preto com mulheres podres
Na cama.. suando pelo momento de extâse
Que meramente nao me preenche
Pois ninguem me ama !
Ninguem me enche...

Componho esta Ode de miséria
Escrito por um poeta na miséria
Escrito por força da minha quase-morte, essa boémia
Esse feliz luxo, um poeta da noite, que bebe
As Lágrimas de todas que me ensurdecem,
E que me fazem refugiar nestes poemas...
E não olhar a minha vida, mas a minha morte, com o corte.

Agora vou dormir... por uma floresta
Cheia de nevoeiro, confusa como a minha mente
Onde eu , uma pessoa modesta
Não alcança o amor por mais que tente
Pois amanha á noite esta boémia recomeça
E com ela mais escuras caves com músicas aos berros
Onde existe aquela promessa
De mil ombros abertos,
Onde aqueles doentios se alimentam
Não por fome, mas por tentação pervessa
Julgam-se vampiros estes.... -_-

Nathanael